Queria partilhar uma atividade que inventei nesta semana para fazer com alguns alunos do Santo Inácio (RJ). Contextualizando: trata-se de um grupo coral/instrumental onde muitos alunos já fazem aula de instrumento fora ou dentro do colégio. A mim cabe, portanto, em suma, ajudá-los a tocar juntos.
Então, com esse grupo hoje eu tinha 30 minutos pra fazer uma oficina que ao mesmo tempo funcionou como uma espécie de dinâmica. Eu tinha um grupo de alunos heterogêneo nas mãos, cantores e instrumentistas, dos quais alguns sabem pouca teoria musical e outros menos. Mas eles tem o que eu considero de um conhecimento musical pouco sistematizado e bastante intuitivo (e que não vejo como um problema). Ademais, tenho apostado muito neste tipo de conhecimento, à revelia da preocupação se os alunos “sabem ou não sabem” música, pois, como disse, parto do princípio que eles sabem.
Por outro lado, eu precisava trabalhar com eles a questão do ritmo, pois, mesmo que eles “saibam música”, há umas questões técnicas que a minha expertise pode contribuir para a prática dos alunos. Assim, pensei em fazer um exercício que aliasse não somente a questão da técnica, mas também a questão da partilha, na medida em que um aluno passaria a ensinar ao outro aquilo que fosse possível ensinar com qualidade.
Criei portanto este exercício de quatro compassos para ser tocado com palmas graves e palmas agudas. Para isso, pra começar, utilizei O Passo (que já era conhecido por aproximadamente metade do grupo) e então distribui o exercício em forma de tiras. Um compasso para cada pessoa: A, B, C e D. Assim, pedi que cada pessoa estudasse indivivualmente seu exercício (um compasso) e, por ser tão “simples”, os alunos conseguiram fazer com facilidade, a partir da explanação ou das explicações pontuais minhas os dos colegas que soubessem. Após 3 minutos, pedi para eles formarem pares AB e CD e que se ensinassem reciprocamente seus exercícios, fazendo agora 2 compassos rítmicos. Após 3 minutos, pedi que se formassem grupos ABCD: já eram 4 pessoas fazendo agora 4 compassos. Ao fim, pedi que voltassem ao formato inicial da aula — uma grande roda — para fazermos juntos o exercício. Conseguimos fazer de primeira! Agora imaginem 55 pessoas fazendo as palmas graves e agudas do exercício. Os alunos ficaram impressionados com o resultado.
Depois perguntei a eles partilharem suas percepções e várias impressões foram ditas, dentre elas:
a) um exercício que parecia simples (trivial) se tornou em um exercício com certa complexidade e proporções maiores;
b) o fato de um ter ajudado o outro foi muito importante e facilitador do processo;
c) o grupo conseguiu entrar em um mesmo ritmo;
d) o grupo fez música com só com o corpo;
e) outras que não me lembro.
Então fica aqui, uma partilha de algo que inventei essa semana e que espero poder ajudá-los de alguma forma. Pensem ainda que este exercício pode ser feito com mais compassos, proporcionando outros níveis de agrupamento. Podem ser utilizadas também outras figuras rítmicas. Utilizei somente dois tipos (semínima e dupla de colcheias) para não ter que entrar, naquele momento, em questões teóricas, mas incentivá-los a quererem saber mais a partir de um resultado concreto e animador.
O fator relacional do exercício foi o que mais me interessou, pois assim os alunos puderam ser protagonistas dos seus aprendizados, participando mais diretamente do processo, não somente no aprender, mas também no ensinar.
Quem tiver mais ideias a partir deste exercício, partilhe aqui no blog!
Forte abraço!
Estevão Moreira
Fantástico. Vou levar para minhas alunas fazerem Contribua cada vez mais com suas idéias. Obrigada e que DEus te abençoe. Délia
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Fantástico.Parabéns por conseguir fazer um exercício difícil, pois exige atenção ritmo e o atuar do outro pode atrapalhar se não se tiver disciplina e direcionamento na atividade. Muito bom! legal dividir com agente essas experiências. Grande abraço.
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